Odivelas chega ao topo da lista dos concelhos com maior número de contágios per capita.

Novas infecções por 100 000 habitantes nos 7 dias anteriores nos municípios com mais infecções, e mais de 20 000 habitantes.
Fontes: DGS, INE, Cálculos próprios
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Depois de mais uma semana onde os mesmos municípios continuaram a apresentar maus resultados que na semana anterior, o governo decidiu actuar. De facto, os valores dos últimos 7 dias não poderiam resultar em qualquer outra coisa que uma reacção, que mesmo assim pode pecar por limitada. Nós últimos 7 dias, os concelhos de Odivelas e Amadora excederam as 100 infecções por 100 000 habitantes, o limiar a partir do qual a pandemia ganha proporções incontroláveis.

A acção do governo incide então nos 4 municípios com maior taxa de incidência de novas infecções, Odivelas, Amadora, Loures e Sintra, e mesmo nestes casos, nem todas as freguesias dos concelhos de Loures, Sintra e Lisboa são abrangidas pelas novas medidas.

No entanto, a lista dos concelhos com piores resultados não se fica por aqui. Também nos concelhos de Vila Franca de Xira, Oeiras, Moita, Santarém e Setúbal são agora uma preocupação, não só por registarem subidas significativas na taxa de infecção, como o facto de que fazem agora parte topo dessa lista. Dada a população concentrada nestes municípios, tal ganha uma relevância muito significativa. Nestes concelhos deverão estar os focos na próxima semana.

Olhando para a progressão das últimas seis semanas, pode-se verificar que o resultado da última semana corresponde a um salto significativo no número de novas infecções, onde Odivelas, Moita e Oeiras têm uma subida de quase 100%. Com subidas ainda mais significativas pode-se ainda ver em Setúbal e Santarém, onde as subidas excedem os 300% e 400% respectivamente.

Novas infecções por 100 000 habitantes nos 7 dias anteriores nos municípios com mais infecções, e mais de 20 000 habitantes.
Fontes: DGS, INE, Cálculos próprios
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Numa progressão diferente da maioria dos outros municípios, encontra-se o caso de Lisboa propriamente dita, onde a variação do número de infecções não tem sido significativa, mantendo-se no mesmo nível nos últimas 6 semanas, e consistentemente nas 50 infecções por 100 000 habitantes, ou ligeiramente abaixo. Este é um resultado interessante, uma vez que indica que a propagação encontra-se contida, mas não controlada. Será necessário perceber quais são as cadeias de transmissão que não estão a ser detectadas de forma a controlar a propagação na capital.

Em paralelo, e porque as más notícias ainda não terminaram, há um município que sai fora da escalas dos gráficos que temos feito. Isto porque os indicadores que têm estado a ser produzidos ignoram os municípios comemos de 20 000 habitantes. Nestes concelhos, pequenos focos de contágio podem ter um grande efeito em todos os indicadores, o que não permitiria tirar conclusões. Em Reguengos de Monsaraz, a taxa de infecção excedeu esta semana os 800 novos infectados por 100 000 habitantes(!!!) e também mais de 800 infecções activas por 100 000 habitantes. Neste município quase 1% da população já se encontra infectada, um valor que apenas encontra paralelo com o caso de Ovar, e que deu origem à primeira cerca sanitária. O facto de tal não ter acontecido no município de Reguengos, só se pode explicar pelo isolamento do próprio município, longe dos grandes centros industriais e populacionais, embora o risco de transmissão em massa para Évora seja relevante, e devesse ser acautelado.

Infecções activas por 100 000 habitantes nos municípios com mais de 20 000 habitantes.
Fontes: DGS, INE, Cálculos próprios
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O indicador onde as alterações não são substanciais é o de número de infecções activas por 100 000 habitantes, sendo que as posições relativas não sofreram alterações significativas. O concelho da Amadora continua a ser o local com maior risco de se cruzar com um infectado na rua, seguido por Loures e Odivelas. Mais uma vez, Odivelas é a carta fora do baralho, tendo sido o único município do topo da tabela onde se verifica uma subida significativa deste indicador.