No dia em que Espanha entra para a lista negra do Reino Unido, Portugal deveria ter saído. Focos saem para a periferia.

Nota: na versão inicial foi erradamente indicado que Estarreja teria o segundo maior número de novas infecções na última semana. Tratou-se de um lapso de transcrição dos dados da DGS. Pelo facto pedimos desculpa.

Infeções por 100 000 habitantes por COVID-19 nas várias regiões administrativas
Fonte dos dados: DGS, INE e cálculos próprios
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O Reino Unido anunciou na noite passada que Espanha voltou para a lista de países “inseguros” depois da publicação dos números mais recentes de novos casos, especialmente na Catalunha. Esta acção deve-se precisamente ao facto de que Espanha excedeu as 40 novas infecções por 100 000 habitantes. Esta acção foi de tal forma desastrosa e atabalhoada, que de uma assentada conseguiu irritar o Governo Espanhol, uma vez que se tratou de uma alteração não anunciada, e para os próprios ingleses que já estavam em Espanha, que com 6 horas de antecedência não conseguiram voltar a tempo. Todas estas dezenas de milhares de ingleses que estavam em território Espanhol serão agora obrigados a uma quarentena obrigatória de 14 dias.

Curiosamente, ou não, essa rapidez em colocar Espanha fora da lista de destinos seguros, não foi usada para colocar Ministro dos Negócios Estrangeiros desta vez até tinha razão na incompreensão Portugal nessa mesma lista, uma vez que o valor de referência foi de 17.78 infecções por 100 000 habitantes. Não é habitual, mas o da decisão do governo Inglês. Esta é aliás, a primeira boa notícia da semana. De uma semana para outra, Portugal passa do valor mais alto desde finais de Abril, para o valor mais baixo desde que a Pandemia atingiu Portugal (Ao contrário do que Marques Mendes acaba de dizer na SIC, que curiosamente usa os dados da ECDCP e da DGS consoante coincidam os a narrativa que quer passar.

Novas infecções por 100 000 habitantes nos 7 dias anteriores nos municípios com mais infecções.
Fontes: DGS, INE, Cálculos próprios
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Esta melhoria é explicada na quase totalidade pela redução do número de novas infecções na região de Lisboa e Vale do Tejo. Os municípios com maior número de novas infecções continuam a ser nesta região, mas com valores agora significativos mais baixos, nomeadamente Sintra, Moita, Amadora, Loures e Alenquer. Esta descida foi de tal forma acentuada que já começam a aparecer municípios de outras regiões no topo, nomeadamente Vila do Conde. Outra conclusão que pode ser tomada, é que as novas infecções ocorrem agora apenas associadas a focos bem definidos, o que causam picos momentâneos em municípios específicos, que depois desaparecem na semana seguinte. Foi este o caso em municípios como Torres Vedras, Leiria, e Paços de Ferreira, nas duas semanas anteriores.

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No entanto, estes focos, mesmo que limitados no tempo deixam um rasto de infecções activas que perdura no tempo, o que dá azo que ocorram novas infecções na comunidade por parte de doentes assimtomáticos ou levemente sintomáticos que não tinham sido detectados.

Infeções activas por 100 000 habitantes por COVID-19 nos municípios com mais infecções, limitado a 500 infecções por 100 000 habitantes
Fonte dos dados: DGS, INE e cálculos próprios
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De facto, o energético foco em Reguengos de Monsaraz só nesta semana começa a mostrar melhorias nos números de infecções activas, de forma a que volte a caber na escala usada. De resto, todos os municípios da região de LVT onde havia transmissão na comunidade começam a mostrar reduções consistentes: Amadora, Sintra, Odivelas ou Loures.

A excepções são precisamente nos municípios onde estão a ocorrer novos focos de infecção: Mafra e Alenquer.

De resto, podem-se identificar três grupos de municípios:

  • Os onde ocorreu transmissão descontrolada na comunidade, com cerca de 150 infecções activas por 100 000 habitantes.
  • Onde estão a correr focos localizados, com entre 100 e 50 infecções
  • Um grupo muito extenso de municípios onde as poucas infecções ocorreu noutros municípios, e que mantêm um número residual de infecções activas.

Para a próxima semana, veremos se mantendo os níveis actuais, o Reino Unido corrige a sua classificação para as viagens para Portugal.

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