Há 7 semanas consecutivas que Portugal excede o limite máximo imposto por outros países Europeus para o número máximo de infecções

Infeções por 100 000 habitantes por COVID-19 nas várias regiões administrativas
Fonte dos dados: DGS, INE e cálculos próprios
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Houve duas boas razões para não ter dados novidades nas últimas duas semanas. A primeira é que a DGS deixou de actualizar os números actualizados por município, enquanto os números estavam a ser revistos. A outra razão, e talvez mais importante, é que estava a calcular dados mais importantes sobre o número de já infectados, e que parece estarem exactamente em linha com os números hoje divulgados sobre o estudo serológico.

No entanto o destaque do dia é a notícia de que o Reino Unido voltou a não colocar Portugal na lista de países seguro para o turismo. A razão invocada para tal é o excesso de infecções registadas em Portugal, segundo os valores presentes no Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças, que excediam as 40 infecções por 100 000 habitantes nos 14 dias anteriores.

Ora este patamar, ou a versão semanal de 20 infecções por 100 000 por semana, é também usado por outros países europeus para o mesmo efeito, e aqui está o problema. Portugal tem excedido as 20 infecções por 100 000 habitantes por semana desde 6 de Junho, e tem-se mantido acima desse patamar desde então. Ora, esta métrica tem um problema de base: nem todos os países têm tido o mesmo nível de sucesso na detecção de todos os casos, sendo que em alguns como no Reino Unido, por cada pessoa infectada, 19 outras foram infectadas por COVID-19 sem terem sido detectadas. Ora trata-se de um caso clássico de punição dos cumpridores em detrimento dos prevaricadores, mas há aqui pouco que se possa fazer, a não ser fazer baixar a taxa de infecção. Corrigir os números de forma a agradar os outros países não parece uma boa política. Pode-se no entanto estimar o quão prejudicado o país está a ser por ser demasiado competente em detectar as infecções.

O detalhe dos números cá dentro

Novas infecções por 100 000 habitantes nos 7 dias anteriores nos municípios com mais infecções.
Fontes: DGS, INE, Cálculos próprios
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Depois de um hiato de uma semana, durante a qual o número de infecções por município não foi actualizado a DGS voltou a publicar os números actualizados. De notar que os valores calculados para a semana de 18 de Julho correspondem à média aritmética das últimas duas semanas, e não apenas aos últimos 7 dias. As diferenças não são significativas, nem trazem surpresas de maior:

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  • A maioria dos municípios da região de Lisboa e Vale do Tejo apresenta descidas significativas, especialmente na Amadora, que apesar de ser o município da região com maior taxa de novas infecções, reduziu o seu número significativamente. Em Odivelas, Sintra, Loures, Cascais e Oeiras esta descida também é muito significativa, passado todos estes municípios para o patamar dos 50 ou menos novas infecções por 100 000 habitantes.
  • Reguengos de Monsaraz mantém-se como o município com maior número de infecções por 100 000 habitantes.
  • Mafra mantém um nível estranhamento elevado de novas infeções
  • Alguns municípios da região Norte voltam a ter níveis significativos, registando aumentos muito significativos nomeadamente, Paços de Ferreira, Ílhavo, Santa Maria da Feira e Vila do Conde.

Infeções activas por 100 000 habitantes por COVID-19 nos municípios com mais infecções.
Fonte dos dados: DGS, INE e cálculos próprios
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Os valores das infecções activas também não apresentam alterações significativas, especialmente devido ao facto de que Reguengos de Monsaraz faz a escala parecer pequena para os outros municípios. De facto, e apenas tendo como referência os 7 dias que terminam a 18 de Julho, Reguengos apresenta ainda uma ligeira subida do número de casos activos, situando-se agora próximos dos 1250 casos activos por 100 000 habitantes, ou 1.25% da população do município.

Infeções activas por 100 000 habitantes por COVID-19 nos municípios com mais infecções, limitado a 500 infecções por 100 000 habitantes
Fonte dos dados: DGS, INE e cálculos próprios
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De facto, se limitarmos o gráfico a 500 infecções activas por 100 000 habitantes, vemos três imagens distintas:

  • Alguns municípios da região de Lisboa e Vale de Tejo que apresentavam valores acima dos 300 infectados por 100 000, como Amadora, Odivelas, Sintra e Loures, mostram reduções significativas no número de infecções activas
  • Outros municípios de LVT apresentam ligeiras subidas, mas com valores absolutos abaixo dos anteriores, nomeadamente Moita, Cascais, Oeiras e o próprio município de Lisboa. Estes municípios juntamente com outros 2 apresentam agora valores em todos dos 200 infectados por 100 000 habitantes.
  • Alguns municípios mostram subidas significativas, como Leira, Paços de Ferreira e Santa Maria da Feira, resultando em valores em todos dos 100 infectados por 100 000 habitantes.

Conclusão

Finda a validação dos números de infecções por município, o resultado final não diverge significativamente do anterior. Este hiato de quase uma semana não teve qualquer resultado prático, excepto talvez calar alguns autarcas, cujas afirmações inflamadas só servem para causar ruído.

Lentamente, os municípios com maior taxa de propagação começam a apresentar melhores resultados, apenas para que outros município mostrem subidas, resultando numa teimosa manutenção dos valores globais da região de LVT. Por este caminho Portugal não será considerado um destino seguro para muitos países.

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